quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

América Latina e os ventos de mudança

O que parecia impossível à um ano atrás já se avizinha como uma realidade, ténue bem sei, ainda assim de algum modo irreversível.
A América Latina que mergulhou nos últimos 10 anos numa espiral de populismo demagógico e autocrático, parece hoje ter iniciado um caminho mais pragmático e ideologicamente menos contaminado pelo já gasto anti-americanismo primário e muitas vezes desresponsabilizante de Governos incapazes, corruptos e pouco democráticos.
O México, Peru, Colômbia, Panamá, Uruguai, Costa Rica e recentemente o Chile parecem ter resistido às investidas dos movimentos pseudo comunistas, marxistas, bolivarianistas, provenientes de Caracas / Havana.
Esse movimento ideológico viral surgiu à uma década e tem-se dizimado na região à custa dos pétro dólares, resistindo de maneira eficaz a todas ameaças.
Hoje, o futuro da América Latina já não pertence ao passado de Fidel ou do Chavéz.

Luta pelo direito à mediocridade

Pobre País aquele que quer impor quotas diferenciadoras aos funcionários públicos ao mesmo tempo que condecora ex-primeiros ministros, apenas porque o foram. É caso para perguntar se apenas estamos obrigados a reconhecer apenas os maus funcionários públicos?
A recente condecoração de Santana Lopes, teve o condão de desmistificar os rituais carnavalescos de atribuição de méritos, medalhas e títulos da República que, afinal de contas, não passam de cerimónias bacocas que apenas servem para massajar o ego de uns quantos.
A situação, é em tudo parecida com os louvores que são freneticamente publicados em DR, onde motoristas, telefonistas, assessores e afins, são graciosamente premiados pelos governantes de turno. É uma espécie de atribuição de medalhas no fim duma corrida de Karts, onde todos, sem excepção, levam para casa uma ao peito.
Pobre País aquele que não preserva o simbolismo dos seus reconhecimentos oficiais a indivíduos que verdadeiramente merecem. Afinal de contas esta República está a ficar cada vez mais Monárquica!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Pobre Haiti pobre...

Que mais poderia acontecer a um povo que, em circunstâncias normais, já vivia em condições de extrema pobreza? Infelizmente o pior ainda está para vir...!

Pagas tu ou pago eu?

Muita tinta há de correr relativamente ao Orçamento para 2010, mas a questão dos salários da Função Pública deverá ocupar em parte todo o espaço mediático. Ontem o Sr. Secretário de Estado do Orçamento veio já preparar terreno para as “negociações” com os Sindicatos. Disse o que muitos temiam ouvir, “Não haverá aumentos reais na Administração Pública!”.
Pois bem, estou certo que muitos, como eu, já tínhamos colocado esse cenário como bastante provável. Os sindicatos reagiram prontamente, afirmando que não lhes competia pagar a factura da crise. Mas afinal de contas, que é o responsável da factura?! Todos e ninguém pode ser responsabilizado pela péssima conjuntura económica Nacional.
É verdade que a Função Pública tem sido presa fácil para todos os governos. Apontada, não poucas vezes, como responsável pelo desequilíbrio das contas do Estado, pouco eficaz, acomodada e privilegiada em comparação com o sector privado.
Regressemos ao Orçamento de 2009, o aumento aproximado de 2,9% que foi definido, foi preparado tendo por base uma taxa de inflação de 2,5%, o que se traduziria num aumento real de 0,4% nos salários. Pois bem, todos sabemos o que se seguiu, a crise instalou-se e afinal a inflação esteve à beira de se transformar em deflação e os vencimentos da Função Pública aumentaram acima de todas as previsões!
Não é menos verdade que há muito que os trabalhadores da Função Pública viram os seus salários mirrar com a inflação.
Dito isto, não creio que seja crível que o Governo imponha um congelamento dos vencimentos da Função Pública (à semelhança da ex Ministra das Finanças MFL), mas também não creio que seja plausível, nem razoável, que os Sindicatos possam ignorar as circunstâncias pelas quais atravessa o País.
A solução deve passar por aumentar aqueles vencimentos abaixo dos 1.000€, e actualizar os restantes de acordo com a inflação. Falar de congelamento salarial seria uma patetice e colocaria novamente os Funcionários Públicos na mira daqueles que insistem em transferir o ónus da crise para o sector.

Nota: A despesa pode ser combatida com medidas de contenção na atribuição de prémios às administrações de empresas públicas e, quando possível, revisão das condições remuneratórias que, em muitos casos, são uma verdadeira afronta moral e ética.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Disparate do día

«Bispos condenam "aprovação precipitada" do casamento homossexual» no Público
...é caso para perguntar quando seria o momento indicado para o fazer, segundo a opinião dos Senhores Bispos?

Crónicas do Fim do Mundo

Cavaco resolve na sua mensagem de Natal dizer umas coisas muito assustadoras sobre o estado da Nação e o descalabro das contas públicas (Eureka! o homem é um visionário) que mais pareciam contos do dia das bruxas.

Depois vem o Sr. ex Ministro das Finanças e da Associação Portuguesa de Bancos, João Salgueiro, pedir audiência ao Sr. Professor e Presidente Cavaco (que prontamente o recebeu) para afirmar que Portugal se transformará inevitavelmente num campo de batalha, à semelhança da tragédia Grega, aproveitou também para manifestar o seu incómodo porque o Primeiro Ministro não trata, supostamente, os portugueses como adultos, talvez devesse anunciar que o País está prestes a falir e que vamos acabar todos por ser penhorados pelos Bancos e vendidos por lote e em leilão! (fiquei sem saber se falou na qualidade de ex Ministro das Finanças, de amigo de Cavaco ou de ex Presidente da Associação Portuguesa de Bancos?!)

O ramalhete é composto pelas declarações dum dirigente das forças de segurança que afirmou que o País não está preparado para enfrentar os tumultos e manifestações de revolta como as que tem sucedido na Grécia, mais uma vez, por falta de meios e de preparação.

Ou muito me engano ou o Professor Medina Carreira anda a dar umas explicações à borla. Não tarda muito e teremos à venda nas bombas, ao lado do livro das anedotas do Herman, as Sebentas do Medina Carreirismo!

Isto não é tão complicado como alguns apregoam. O País conseguiu controlar de forma inédita o deficit público (abaixo do limite de 3 pontos exigidos por Bruxelas), depois veio uma crise sem precedentes, que teve origem lá perto do umbigo do Liberalismo, mesmo ao lado da Economia quasi perfeita e dos Mercados auto-reguladores e cá vai disto, o Estado ajudou os mais desfavorecidos com uma mão e com a outra os todos os factores económicos. No cardápio tivemos, desde Bancos Estafados, outros mal geridos, empresas com muitos empregados mas conceptualmente falidas, empresas de sectores “supostamente” estratégicos para o País, etc.
Todos reclamaram, porque, afinal de contas, ao Estado cabia salvar o País inteiro, sob pena de finar no meio de tanta depressão económica.
Esta receita foi aplicada pela esmagadora maioria dos países europeus (e não só). Estou em crer que a maioria das pessoas convirá que seria difícil não o fazer, no entanto, hoje todos se perfilam nos meios de comunicação, indignados porque o Governo afinal gastou mais do que devia…!

No meio da tempestade, ninguém quis pensar nisso. Andávamos todos de mão estendida a receber ajudas e apoios do Estado previdencial . Então pensávamos o que, que o dinheiro crescia na árvore das Patacas e que os meninos vinham de Paris?!
Tenham dó, claro que o Governo enfrenta hoje uma tarefa quixotesca, conter a despesa pública e o deficit por um lado, ao mesmo tempo que deve manter um nível adequado de apoio social e estimulo à economia.