segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Até que a morte nos separe!

Aproveito o comentário do estimado MFerrer do Homem ao Mar, para esclarecer alguns equívocos relativamente às minhas posições sobre a situação politica na Venezuela:

MFerrer tem razão quando diz que estou preocupado, a minha preocupação tem já 10 anos e começou com a chegada ao poder de Hugo Chávez.
Já escrevi algumas coisas neste blog a esse respeito e nunca me referi à falta de legalidade dos inúmeros processos eleitorais a que se submeteu Chávez, contudo, a minha preocupação prende-se mais com a sua legitimidade (ou falta dela) no exercício do poder. Que fique claro que a minha afinidade com o PP Europeu, Espanhol ou Português é equidistante com a do partido do Sr. Chávez e com o PCP Português.
Comparar o sistema político actual Venezuelano com outros, nomeadamente o Britânico, não passa afinal de um mero formalismo delirante, tendo em conta os variadíssimos exemplos que a história já nos deu a esse respeito. Afinal a democracia não se esgota com os votos, pelo contrário, a sua vigência é desafiada com o exercício diário do poder e nesse capítulo julgo existirem muitas e legitimas razões para preocupação.

5 comentários:

Anónimo disse...

Completamente de acordo. O dia de ontem significou um enorme retrocesso para TODA a América Latina.

António de Almeida disse...

Raramente a Liberdade foi perdida de uma só vez. Normalmente é um processo gradual, por vezes incluindo a via Democrática...

MFerrer disse...

António de Almeida,
Respondo-lhe a si que tem, sem dúvida, uma enorme capacidade de síntese.
Não há dúvida que a democracia é o único regime que pode transformar-se numa ditadura. O contrário, não acontece por via do voto, só pode acontecer por via duma revolução...
Mas enquanto existir democracia e eleições fique tranquilo. A ditadura ainda só vem a caminho. Ainda não chegou. Não vale a pena antecipar desgraças. Aproveite a liberdade.
MFerrer

MFerrer disse...

Bruno,
Desculpe ir citar a sua fonte de preocupações: O inestimável Público de cuja democracia todos estamos fartos de colher bondosos frutos:
"Os observadores internacionais afirmaram que a votação foi transparente e justa, e os opositores não pretendem contestar os resultados. O que não significa que todos tenham considerado o processo acime de toda a suspeita. O líder da oposição Leopold Lopez afirmara à BBC que a campanha foi tendenciosa: “Em dez anos tivemos 15 eleições, 15. E esta foi a mais desigual, a mais abusiva de todas... Por isso é que vimos mais propaganda para votar sim”.
Acrescentar o quê?
A oposição lamenta a campanha do candidato que ganhou?
Não gostam do Chavez? Têm razão. E na razão directa do seu apoio popular e democrático.
O resto, são mesmo restos do quintal do imperialismo e das suas guerras sujas por toda a América Latina. Agora surgiram finalmente líderes que não já não são as correias transmissoras do poder da Espanha fascista/ burguesia pós colonial, e dos EUA. Outros tempos, outros riscos, mas outros ares!
Quanto aos delírios dos meus formalismos, sempre lhe digo que numa coisa podemos estar de acordo. É na informalidade e no desapego a ideias pre-concebidas e paradas no tempo. Quando lhe digo que condenar o Chavez, porque procura ter mais mandatos, e a isso atrelar-lhe o poder das ditaduras não colhe, tal como não colhe tal argumento se se olhar para a velha Inglaterra onde o Trono é hereditário e o 1º ministro pode ser reeleito as vezes que tal acontecer. E, por essas razões, ninguém no seu delírio mais insípido, lhe pode atrelar a fama de ditadura. A menos que tudo seja ditadura, excepto a anarquia. E mesmo assim...
MFerrer

Planetas - Bruno disse...

Caro MFerrer,
Relativamente à capacidade de síntese, prometo que tentarei ser breve. A respeito da perniciosidade de exercer o poder indefinidamente Simón Bolívar disse no seu discurso de Angostura:
“el pueblo se acostumbra a obedecerle y él se acostumbra a mandarlo"
Independentemente da afinidade ou mesmo simpatia que cada um possa nutrir pela personagem em causa, o poder também tem prazo de validade!

Abraço