quarta-feira, 20 de agosto de 2008

A Fórmula Chávez para o crescimento económico

Venezuela será primeiro cliente do «SPRUT» russo
Chávez compra armas e consolida supremacia
Chavez segue comprando...
Aliança Russia x Venezuela
Aliança russa com Chávez garante segurança da AL, diz Moscou
Chávez diz receber "calorosamente"base militar russa na Venezuela
Chávez busca 'armas e liderança' em Moscou, dizem analistas
Chavez vai às compras (de novo!)

Programa de armamento a todo o gás Entretanto diversas fontes desde a Rússia até à própria Venezuela apontam a verba de 30.000 milhões dolares como o valor a dispender pela Venezuela para reequipar as suas forças armadas.
Venezuela fecha acordo bilionário com Rússia e Bielorrússia, adquire mísseis e helicópteros e se firma como arsenal mais potente da região.
Além disso, o venezuelano acertou com a Bielorrússia os últimos detalhes de um pacote de US$ 1 bilhão para a construção de um sistema de defesa e controle do espaço aéreo, com radares de última geração."
Na primeira compra, em 2004, Chávez gastou US$ 3,4 bilhões. O pacote incluía 24 caças Sukhoi Su-30MK2V (US$ 1,2 bilhões, com armas); 16 mísseis TOR M-1; 50 helicópteros Mil Mi-35, de ataque; 50 Mil Mi-171 e Mil Mi-26 (os maiores do mundo, com capacidade de 20t), de transporte...a lista continua aqui

deve ser:
A julgar pelas prioridades do seu presidente, já não deve existir fome nem pobreza na Venezuela, ou então considera que a "ameaça" do Capitalismo Norte Americano é mais importante que o bem estar do seu povo...!

8 comentários:

Paulo Mouta disse...

Já reparou na contradição perigosa que este texto contém? A começar pelo título. É que, efectivamente a Venezuela está num ritmo de crescimento que apenas nos melhores sonhos poderia ser possível na Europa neste momento.

Depois a questão militar no julgamento de uma certa esquerda portuguesa não tem qualquer cabimento. No entanto é necessário que se compreenda o que está aqui em causa e que não existe bem-estar do povo se não existir independência dos interesses do grande império norte-americano. A não compreensão desta questão pode custar ao mundo a perda de mais umas quantas décadas.

Só para estabelecer um paralelo imagine que, por um grande e infantil absurdo o povo português entendia por bem eleger o Bloco de Esquerda para governar Portugal e ainda por cima com uma maioria absoluta. Qual acha que iria ser a reacção dos grupos económicos nacionais e estrangeiros? E logo a seguir qual seria a reacção dos governos dos EUA e da UE? A história já ensinou que estes poderes não convivem pacificamente com quem os quer colocar em causa. Devido a esse facto passam a vida a planear acções, golpes e contra-golpes, sanções e bloqueios em nome de todo o tipo de mentiras com o intuito destruir quem coloca em causa o seu parasitarismo imperial. Este mesmo Hugo Chávez já foi alvo da acção directa e indirecta (através dos media) com o seu derrube através de golpe de estado, com dois dias de poder fascista, e com a reposição da normalidade constitucional com o povo na rua a exigir de volta o presidente eleito. E penso que será sempre bom relembrar que nós próprios já tivemos também os navios de guerra americanos ao largo das nossas costas. Acredita que eles hesitariam em disparar caso tivéssemos optado por uma via do socialismo? Acredita que existiu na altura verdadeiramente essa opção? É evidente que não.

Desde que o Equador anunciou que não iria renovar a concessão da base norte-americana no seu território já os EUA se movimentaram militarmente reactivando a sua IV Frota marítima e já está acordada a instalação do mesmo tipo de estrutura na Colômbia, plataforma de onde os EUA podem de uma assentada intervir no próprio território desse país anulando a acção da guerrilha mas também nos países vizinhos, nomeadamente a Venezuela.

É preciso que alguma esquerda se liberte de um certo “radicalismo” infantil para que se comece a compreender que as coisas não avançam se acreditarmos que o poder da classe dominante pode ser cedido pacificamente sem qualquer tipo de resistência ou de manobras. Isso não é possível. Acreditar nisso é de uma ingenuidade inacreditável.

Planetas - Bruno disse...

"a Venezuela está num ritmo de crescimento que apenas nos melhores sonhos poderia ser possível na Europa neste momento..."

Esse crescimento apenas se deve aos valores record do petroleo (nunca antes vistos na Venezuela)e não à consolidação do aparelho produtivo do País. Ainda assim, veja os níveis de défice e inflação em que está mergulhada a Venezuela, apesar de tanto dinheiro que tem entrado durante o consulado de Chavez.


"não existe bem-estar do povo se não existir independência dos interesses do grande império norte-americano"

Não se a que se refere...mas posso-lhe garantir que, quer o Chile quer o Uruguai, ou mesmo a Colombia vivem muito bem sem o complexo da esquerda chavista.

"Hugo Chávez já foi alvo da acção directa e indirecta (através dos media) com o seu derrube através de golpe de estado, com dois dias de poder fascista, e com a reposição da normalidade constitucional com o povo na rua a exigir de volta o presidente eleito"

Curioso que o individuo que, em 2 ocasiões, foi responsável por um Golpe de Estado contra Carlos Andres (presidente eleito) é o mesmo que tantas vezes acusa os outros de Golpistas. Mais ainda, o General do Exercito que anunciou na TV e Radio a suposta demissão de Chavez em 2001 é hoje o actual Embaixador da Venezuela em Portugal.

"as coisas não avançam se acreditarmos que o poder da classe dominante pode ser cedido pacificamente sem qualquer tipo de resistência ou de manobras"

Nos dias que correm essa afirmação mais parece uma citação de um discurso de Stalin.

Paulo Mouta disse...

Coloca uma série de questões muito pertinente embora nenhuma responda à questão prática da impossibilidade do mundo capitalista e imperialista coexistir pacificamente com países governados por uma esquerda socialista. Impossibilidade essa que rapidamente é traduzida em agressões de várias formas, desde boicotes, bloqueios, golpes, atentados, assassinatos e muitas manobras de bastidores.

Começando pela questão do petróleo, que é a mais importante de todas e a única pela qual a Venezuela tem algum significado para os EUA. Uma vez que fala de Carlos Andrés Perez, um social democrata com algumas posições progressistas que se opôs a regimes como o de Pinochet, por exemplo, caiu em duas armadilhas que lhe custaram e sobretudo que custaram à Venezuela décadas de dependência. Um país que é o quinto maior produtor de petróleo do mundo vê-se em 1989 na posição de pedinte perante o FMI, essa famosa instituição da qual Chávez se libertou. Um empréstimo de 4,5 biliões de dólares aprisionou a Venezuela e manteve-a debaixo das rédeas do FMI e dos seus maiores impulsionadores. Andrés Perez foi o governante que terminou o processo de nacionalização da empresa petrolífera Venezuelana, contudo, os benefícios para o estado venezuelano com a exploração da sua própria riqueza natural sempre estiveram muito aquém do que podia e deveriam estar. Mas pior do que isso é o facto de nunca ter havido um benefício real para o povo venezuelano no concreto.

No interesse venezuelano a primeira coisa que Chávez realizou a este nível foi a tentativa de concertação com a OPEC que nunca se levou muito a sério e que, por isso mesmo, nunca levou a Venezuela muito a sério. A Venezuela foi, durante décadas produzindo indescriminadamente e Chávez optou por uma via de imposição de quotas produção e pela participação em empresas de capital público em parcerias com vários países (China, Cuba, Brasil), mas também optou por adquirir algumas companhias privadas nomeadamente nos EUA e na Europa (Alemanha, Holanda…).

Isto para dizer que apesar desse dinheiro que entra na Venezuela e nomeadamente da “sorte” desta subida exagerada dos preços, a Venezuela tem vindo a participar activamente em processos que fizeram com o disparasse o défice público, nomeadamente a questão da libertação do FMI e a criação de realidades económicas importantíssimas como a ALBA, o Mercosur. A Venezuela tem ajudado muito activamente outros processos semelhantes em países vizinhos. Tanto que a intriga política americana acusou Chávez de ter ajudado a guerrilha colombiana naquele espantoso golpe de teatro onde num cenário de destruição completa supostamente um computador teria ficado intacto e com informações fifedignas contra Chávez. Quanto à inflação é preciso que se tenham em conta todos os processos de boicote que existiram por parte das grandes empresas de distribuição e retalho que literalmente paralisaram o país numa manobra pol+itica de grande importância.

No entanto, deixe que lhe diga que, ao contrário do que possa pensar tendo-o escrito, eu não tenho sequer qualquer simpatia pelo stalinismo. Muito pelo contrário. A simpatia especial que tenho desde as segundas eleições que Chávez ganhou democraticamente por este senhor nada tem a ver com essa partilha da visão anti-imperialista. Vem de algo muito mais simples. Um processo revolucionário que nasce de uma estrutura informal com muito pouca influência do Partido Comunista da Venezuela e mesmo por vezes à sua margem parece-me algo de novo e de histórico. Relembro o processo tão propagandeado do lado de lá e do lado de cá das indústrias dos “Sanitários Maracay”. Após um processo complicado de boicote e tentativa de encerramento desta empresa os trabalhadores pediram a nacionalização da mesma e o governo de Chávez nacionalizou 49% e colocou a maioria do capital nas mãos dos próprios trabalhadores. Não satisfeitos com aquela que a mim me parece a solução ideal, de certa forma instigados pelo PCV os trabalhadores saíram mesma para as ruas a exigir a nacionalização total desta empresa. Penso que nesta situação e noutras que eventualmente surgirão o ideal socialista de Chávez está muito mais próximo daquilo em que desde há muito acredito. Para que perceba, eu admiro historicamente o Marechal Tito da Jugoslávia e nunca a sua antítese que foi Stalin.

Eu acredito que o Chile ou a Colômbia vivam bem sem o que chama de complexos da esquerda. Mas pode somar mais um, o Brasil. E este país tem mesmo na aliança de governo um partido comunista que ajuda a suportar a importante mas contraditória acção de Lula. Também neste país existem duas visões algo interessantes. Há quem pense na participação do PCdoB como uma traição e há quem a veja como um mal menor ou bem maior a favor de uma não radicalização política no Brasil que poderia levar ao mesmo tipo de represálias que há muito sofrem outors países próximos nomeadamente Cuba. Ao mesmo tempo que Lula anuncia que quer ser o primeiro parceiro comercial com Cuba aceita participar numa intervenção militar no Haiti em conjunto com as forças norte-americanas. A abordagem soft da esquerda brasileira tem mesmo custado o não progresso nas realidades sociais que foram as plataformas para a vitória eleitoral de Lula. Mais uma vez acredito que o ponto ideal estará algo entre as duas visões. Existe nas análises contraditórias dos PCdoB e do PCB muito de verdadeiro mas o pragmatismo da governação no Brasil neste memoento não será de aventureirismos revolucionários. Veremos como evolui Cuba e Venezuela… De qualquer forma pode juntar o Brasil à sua lista de troféus de uma certa traição à realidade neo-colonial da América do sul e aos processos de libertação que se têm vindo a formar. Mais uma vez repito, à margem dos partidos comunistas, o que torna estes processos bem mais interessantes e mesmo inéditos.

Compreendo que na sua análise tenha optado por considerar que o povo que elegeu Andrés Perez pariu um voto mais digno e mais legítimo que aquele que elegeu Chávez. Além disso deve com toda a verteza estar a esquecer-se de que Andrés Perez foi preso por duas vezes por desvio de fundos. A primeira vez custou-lhe mesmo o mandato e tratou-se de um desvio de 250 milhões de bolívares que, segundo o próprio teriam sido para um fundo de apoio ao processo eleitoral na Nicarágua. A mesma Nicarágua que deu também origem ao tão conhecido “Irangate” ou “Iran-Contras” em que os EUA vendiam armas a uma facção moderada no Irão para derrubar o regime dos Ayatollas retirando uma parte dos proveitos para financiar também os “contra” na Nicarágua… ou como o mundo é pequeno e não existem coincidências em política. Andrés Perez foi preso mais uma vez pelo mesmo crime contudo a sua eleição para o senado retirou-o da prisão. Chávez dissolveu o senado quando eleito e a Venezuela passou a ter apenas um parlamento.

Planetas - Bruno disse...

Está visto que Chavez ganhou um fiel seguidor, graças a deus que por cá há descernimento qb para não mergulhar nessas aventuras populistas.

Paulo Mouta disse...

...ou cobardia qb para manter o status quo.

Temos uma esquerda com corantes e conservantes que mais parece sumo de fruta... sem fruta.

Planetas - Bruno disse...

Ao que parece Cuba e até a China estão a adoptar esses ingredientes.

Paulo Mouta disse...

Antes de mais não sei o que têm Cuba e China a ver com a esquerda portuguesa. O Bloco não assume simpatias por ninguém, o que é mais cómodo pois assim pode afirmar-se diferente de todos e portador da verdadeira e tão esperada fórmula de um socialismo que automaticamente é aceite e querido por todos. E de repente a harmonis instala-se entre tudo e todos e o capital adormece e entrega de mão beijada tudo de quanto durante séculos se apropriou. Já o PCP alinha estrategicamente com todos os partidos supostamente congéneres independentemente das suas práticas.

O BE fala de socialismo das portas para dentro. O PCP apenas fala de socialismo sem se perceber muito bem qual das dezenas de caminhos traçados já na história pode ser um bom ponto de partida.

EM SUMA O PCP defende um caminho político para o socialismo e tem no seu programa conceitos interessantes que chagam mesmo a por em causa e a anular posições erráticas romadas em tempos idos. O BE apoia-se nas pequenas causas para alcançar algo que ainda não se compreende nem quer compreender. Penso que será o caminho para ser a muleta ao próprio sistema actual à semelhança do que outras esquerdas foram fazendo um pouco por essa Europa fora. Daí terem vindo a morrer lentamente.

COm os seus defeitos e as suas virtudes estas duas esquerda com muitas mais dentro delas a borbulhar de criatividade intelectual têm de ter como meta o alcançar de uma plataforma conjunta. O socialismo poderá ser algo entre tudo aquilo que se viu e tudo aquilo que ainda está por nascer.

Planetas - Bruno disse...

"O socialismo poderá ser algo entre tudo aquilo que se viu e tudo aquilo que ainda está por nascer."

Caro Paulo,
o Socialismo mais do que um sistema político é uma referência que nos deverá ajudar a alcançar a maior suma de bem-estar e felicidade para o maior número de pessoas. Claro está que a sua aplicação têm vindo a sofrer alterações e adaptações, produto das constantes mudanças da sociedade moderna e globalizada, que não podem nem devem ser ignoradas.