O tempo tem dado razão a quem, em nome da defesa do país e por saber que a Europa tinha de mudar de políticas para enfrentar a crise das dívidas soberanas, foi ganhando tempo (de PEC em PEC). Hoje, que a própria UE e FMI já mudam a sua politica, temos um governo que, não apenas milita nas politicas caducas que conduziram ao caso da Grécia, como decide ir para além daquilo que lhe é pedido. Ora, importa desmistificar que a estratégia deste governo nada tem de ver com finanças ou consolidações orçamentais, estamos perante, isso sim, uma questão ideológica. Aproveitar o momento e as circunstâncias políticas verdadeiramente excepcionais para levar a cabo um plano que mudará o país de forma irreversível, o seu equilíbrio social e a sua correlação de forças. Teremos dentro de apenas dois anos um país desfigurado e ter-se-á feito finalmente um ajuste de contas com o passado! O mais assustador é a passividade colectiva que se vive hoje no país, como se os portugueses tivessem desenvolvido o sídrome de Estocolmo.