Não ter opinião formada antes da sentença e um acto de responsabilidade e prudência. Manter a presunção de inocência após sentença de condenação e não passa de uma manifestação de capricho e de rebeldia! Ninguém parece acreditar que algum dos condenados no processo cumprirá qualquer pena efectiva o que não invalida que a sua situação de condenados se esfume por arte de magia. Os factos, esses foram, na sua esmagadora maioria, dados como provados, aquilo que será freneticamente escalpelizado nas instâncias superiores são sobre tudo os formalismos processuais e o emaranhado jurídico que seguramente se instalou num processo com estas caracteristicas. É curioso ver como a esmagadora maioria dos
comentadores de ofício que diariamente nos presenteiam com as suas doutas opiniões sobre um gato e um par de botas, manifesta uma inusual cautela e até mau estar quando lhes pedem que comentem a sentença condenatória no caso da Casa Pia. O argumentário não se afasta muito das criticas à justiça que ouvimos em qualquer transporte público
"Se a justiça não presta, portanto, não temos de acreditar nas suas decisões", "Quantos deveriam também ter estado sentados no banco dos réus?!" Talvez esperassem um desfecho diferente, um cenário ao qual já se habituaram e que certamente lhes daria mais matéria para comentar sobre o estado calamitoso em que se encontra o país! Desta vez parece que os nossos opinadores foram apanhados de calças na mão (salvo seja).