Admito que ultimamente tenho andado meio atordoado com a sucessão de acontecimentos. Por vezes como um vulgo pugilista que, estando encostado às cordas, procura em vão uma oportunidade para encher os pulmões e recuperar a compostura antes do próximo golpe ser desferido. É difícil encontrar uma narrativa coerente face ao caminho que o País e a Europa parecem ter adoptado. A forma como a crise financeira está a ser encarada pelas suas lideranças seria digna de um episódio da mítica série de televisão The Twilight Zone dos anos 80. Subitamente, todas as características e conquistas, fruto de décadas de avanços e recuos, que permitiram que a União Europeia fosse vista aos olhos do mundo como uma referência de paz e irmandade entre Nações tão díspares, e que permitiram que uma das zonas mais bélicas do planeta vivesse tempos de paz duradoura, se transformassem em pecado capital merecedor de severa punição. Sem querer aprofundar as causas que estiveram na origem desta crise financeira mundial…não deixa de ser incompreensível que, em nome de um pretenso “ajustamento” das economias, se tenha instalado um sentimento unanimista de auto flagelo colectivo, mas sobre tudo, um estranho e assustador Ritual de adoração pela austeridade.
Há quem acredite que apenas nos resta exorcizar os nossos “pecados” com a bênção dos mercados, já eu temo que no final da cerimonia, quando a “causa” tiver perdido os seus fiéis, não haverá forma de reparar o irreparável…!
nos queira convencer
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